Livre Pensar: Argentina é nosso futuro!
- Marcelo Costa Santos
- 6 de jun. de 2018
- 3 min de leitura
Atualizado: 24 de out. de 2023
Um textão desses só é possível por eu estar de cama com gripe, mega entediado.
Mas vamos lá.
Nos anos Lula e Dilma havia uma histeria das nossas classes média e alta quanto à uma possível “venezuelização” do Brasil. Eu já estava com o saco na lua da gritaria sem sentido das Vejas, Reynaldos Azevedos e Constantinos da vida, esbravejando contra o Fórum de SP que iria patrocinar o fim da nossa democracia.
O tempo passou e o Brasil mostrou que nossas instituições funcionam. Quando a coisa aperta, nossa classe política vota pela auto-preservação e pela manutenção da máquina que os permite enriquecer e prosperar, nem que seja às custas do resto do país… Afinal, basta ver a tragédia em que se meteu a Venezuela para entender que lá, definitivamente, não há nem mais merda para dividir, parodiando a piada dos anos 70 na qual uma pesquisa mostrava que os otimistas de uma ditadura latino-americana achavam que em pouco tempo todos estaríamos comendo merda, enquanto os pessimistas diziam que a merda não iria dar para todos…
Mas muito pior que ser uma Venezuela, é ser como nosso vizinho mais ao sul, a Argentina.
De décimo país mais rico do mundo em 1900 à uma nação em total decadência, se favelizando, a Argentina nos mostra, de forma clara e inequívoca, que é de uma competência única para destruir riquezas, acabar com a prosperidade e empobrecer um povo que já foi o mais bem educado e sofisticado da America Latina. As últimas cagadas monumentais foram um oferecimento da esquerda tacanha deles, a dupla Kirchner que destruiu o país, mas os erros, tal como no Brasil, transcendem ideologias.
O Brasil fez diversas escolhas equivocadas nos últimos 60 anos: fechamos nossa economia, acreditamos em
Papai Noel com o II PND e a Lei da Informática, inchamos o Estado (exacerbado pelo Lula-Dilmismo), negligenciamos com muita competência a educação, nunca combatemos – de fato – os privilégios de nossa elite branca e urbana (FIESP, CUT e funcionários públicos são as várias faces da mesma moeda) que mama nas tetas dos Estado, fizemos uma Constituição com benefícios sociais suecos em um país de produtividade africana, entre tantas coisas.
Pior, desperdiçamos nos últimos 15 anos um ciclo super favorável das commoditties em consumo e no abominável crescimento da estrutura estatal, jogando no lixo o pico do nosso bônus demográfico.
Nos próximos 10 anos iremos enfrentar o começo do “ônus” demográfico, com cada vez menos gente pagando mais aposentadorias para cada vez mais gente. E o ônus demográfico só vai piorando com o passar dos anos (veja a crise secular que vive o Japão desde os anos 80, causada pela redução populacional). Isso sem termos feito as tão necessárias reformas que, de fato, vão empobrecer toda uma elite que mama nas tetas do governo, todavia em prol da população mais pobre e necessitada, assim como para liberar recursos para nosso crescimento sustentável.
Eu não vejo nenhum político com chances reais de ser nosso novo presidente com uma visão clara dos nossos problemas, todos preferindo se refugiar no populismo fácil e nas soluções messiânicas.
A esquerda ficou refém do status quo, preferindo defender privilégios a entender que o orçamento do governo não é infinito.
A direita não consegue articular uma agenda clara que mostre a perversidade das plataformas defendidas pela esquerda.
Se alguém ainda tem alguma dúvida, basta ver a recente crise dos caminhoneiros, as “brilhantes” (sic) soluções adotadas (inclusive fritando o Pedro Parente) e como os candidatos mais viáveis reagiram.
Hoje, os dois candidatos com mais chances de ir ao segundo turno, Bolsonaro e Ciro Gomes, representam o que o Brasil tem de pior: voluntarismo, manutenção de privilégios, arrogância, visão econômica rasa e sem consistência, baixa capacidade de articulação política e pouco apoio do Centrão (que de fato vai mandar no Congresso).
Ambos têm nomes “liberais” e respeitados nas suas equipes: Paulo Guedes e Mauro Benevides, respectivamente.
No caso do Bolsonaro ele é como o escorpião na fábula: vai morrer afogado junto com o sapo, pois não consegue ir contra sua natureza estatista, retrógrada e arrogante.
Já o Ciro só fala merda econômica e, pior, acredita nas suas mentiras.
E bate um desânimo profundo.
E, enquanto isso, o efeito Orloff – tão usado pela minha geração durante as crises dos anos 90 – vai se confirmando: a Argentina é o Brasil de amanhã.
Triste sina de eterno país do futuro.

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